A coisa que mais me assusta na vida é não saber o que eu sou. Por não saber o que eu sou, eu não sei quem eu sou e por não saber quem eu sou, não sei o que estou fazendo aqui e nem o meu propósito. Busco propósitos na vida, mas são coisas que eu criei, não coisas que não lembro de ter combinado com Deus. Essas coisas vêm de mim da mesma forma que as tuas vêm de ti. Por que elas são tão diferentes? Por que eu quero ser ouvido e você prefere ficar em silêncio? Por que você quer entrar no mar e eu dormir na sobra de uma árvore? Por que, entre tantas coisas que eu gosto de fazer, eu escolhi fazer isso?
Buscar as respostas dessas perguntas é como lutar para ir rio a cima até chegar na fonte, onde todas as questões serão esclarecidas. E a fonte é o problema, pois a fonte sou eu e eu não sei o que sou, quem sou, o que estou fazendo e nem o que sinto, apenas observo o que faço e penso sem conseguir compreender a origem mais profunda, seja ela uma consciência animal fruto do acaso aleatório do Universo seja ela uma criação de Deus.
Às vezes vejo um vazio em mim e grito para ver se alguém responde, mas tudo que ouço é um eco. Então deixo-me levar para dentro dessa caverna e estando lá percebo coisas que não conseguia perceber de fora, coisas que são minhas e somente minhas. Sentimentos, lembranças, sensações, experiências, desejos, medos, angústias, nostalgias, esperanças, vitórias e derrotas, impossíveis de serem compartilhadas com outras pessoas pois somente eu vivi aquilo, somente eu estive naquele ponto de vista.
A sensação de solidão é tão indescritível que não sei se é boa ou ruim, pois é maior que essas definições. E se as outras pessoas também forem consciências semelhantes à minha, também devem ter isso em algum lugar. Talvez não percebam, talvez nunca tentaram perceber. Talvez estejam anestesiadas com seus propósitos e suas missões.
Invejo-as.