Uma das coisas mais fascinantes do Universo é saber que independente dos segredos que ele oculte há a certeza de que ele está consciente e refletindo sobre sua própria existência através de mim.
Ou seja, em meio a toda imensidão de estrelas que vejo à noite, mais tantos outros trilhões que não vejo, um pequeno ponto, uma mente, um agrupamento de poeira estelar, está consciente.
Entender a mim mesmo pode, portanto, ser uma tarefa tão difícil quanto entender o próprio Universo.
Mas olhar para as estrelas e em seguida para mim, entender que elas e eu somos feitos dos mesmos componentes, que outrora cada átomo que compõe cada célula, cada osso, cada fio de meu corpo, um dia pertenceu a uma estrela, dá a sensação de que posso entendê-las.
Se eu as tenho em mim e delas eu vim, qual a nossa diferença senão apenas nossa forma atual?
Será que aqueles átomos que geraram aquela luz que viajou toda a galáxia e hoje chega a meus olhos, um dia não formarão um outro ser consciente que olhará para cá e não terá a mesma sensação de pertencimento ou, por fim, a consciência do Universo que eu ainda não tive?
Será que meus átomos, quando eram parte de uma estrela, não geraram uma luz que viajou toda a galáxia e hoje está chegando aos olhos de outro ser consciente que está fazendo o mesmo questionamento olhando nesta direção?
As estrelas e eu somos um só. No passado, no presente e no futuro. Ambos estamos buscando a nossa compreensão. Talvez elas criem um outro ser que seja capaz de alcançá-la. Talvez eu alcance e não possa contar a elas quando elas olharem para cá. Talvez elas tenham me criado para alcançar. Talvez o espaço-tempo seja uma ilusão e as coisas não aconteçam, simplesmente sejam.
Se o Universo aqui me colocou, daqui devo buscá-lo.