Por que raios todo mundo tem que ter opinião sobre tudo e achar que entende de todos assuntos? No Twitter isso fica muito mais evidente. É um festival de horrores.
Os entregadores, vulgarmente conhecidos como “motoboys”, estão fazendo greve em São Paulo. As pautas parecem justas e diversas, e até aí nenhum problema pois é um direito deles. Samy Dana, economista, levantou alguns pontos no Twitter sobre como pode ser complicado resolver esse problema, que talvez as soluções propostas por algumas pessoas como a sindicalização e criação de valores mínimos possam trazer mais problemas do que soluções. Argumenta ele que pela lei de oferta e demanda eles talvez estejam recebendo o que o mercado está disposto a pagar, que se o valor por entrega aumentasse muito para atender as reivindicações poderia haver uma queda grande nos pedidos, gerando assim uma diminuição do faturamento. Argumenta também que esses serviços como iFood e Rappi e Loggi não necessariamente estão operando com lucro. Até aí, tudo bem também. Samy Dana entende mais de economia do que eu, e os entregadores entendem mais da realidade deles do que eu.
Aí você vai me perguntar: ok, e então, Zhe, o que você acha? Mas bah, eu não acho nada! Sei lá! Eu acho aquilo que qualquer pessoa consegue constatar observando a realidade: é uma profissão difícil e arriscada a deles, que talvez eles pudessem ganhar mais, mas também é uma profissão que tem muito mais oferta do que demanda, ou seja, eu sei lá!
Esse é um dos grandes males das redes sociais. Se por um lado ela deu voz a todo mundo, por outro lado ela permitiu que todos idiotas tivessem voz, o que não necessariamente é algo bom. Todo mundo pode se tornar “autoridade” em qualquer assunto e às vezes até se sentir obrigada a se manifestar sobre algo que não quer para não ficar de fora do papo da turma. Lembro-me na época das eleições as pessoas exigindo um posicionamento da cantora Anita, que optou por não se posicionar e acabou sendo “massacrada” nas redes sociais simplesmente por querer ficar quieta.
Também é curioso observar os políticos oportunistas tomando para si essas pautas e rapidamente se auto elegendo como “representantes da causa”. Fica evidente que a preocupação deles não é buscar o melhor para todos e sim ter uma atitude demagógica com um determinado grupo de pessoas, sempre, é claro, pensando nas próximas eleições.
Vários ideólogos com soluções universais surgem: basta aplicar o liberalismo pleno ou basta o Estado intervir. Incrível como para eles sempre há fórmulas mágicas para resolver toda a realidade independente do contexto, da época, da civilização, de qualquer outro fator. São verdades absolutas pautadas nas bíblias sagradas de suas ideologias.
E por fim, temos a turma da bolha cult e chique: aqueles que nunca tiveram contato nenhum com camadas mais pobres da sociedade e no entanto sabem exatamente o que elas querem e aqueles que nunca empreenderam ou administraram uma empresa que sabem como todos empresários são malvadões.
Nós, pessoas comuns do dia a dia, ficamos no meio disso tudo nos sentindo obrigadas a ter um posicionamento. Você é contra ou a favor da greve? Como resolver esse problema? Eu me recuso. Eu não sei, não tenho como saber e convido a todos que assim como eu têm a humildade e inteligência de assumir que não têm solução para todos os problemas, a fazerem o mesmo que eu: greve de opinião.