Eu nunca me preocupei em me vestir bem. Para mim as prioridades sempre foram conforto, roupas que eu acho bonita e/ou que tenham algum sentido, como camisetas de banda. Acho que cada pessoa deve se vestir como se sente bem, seja de sapato, calça social e camisa polo, seja de bermuda, tênis e camiseta.
Quando eu digo isso, muitos retardados acham que eu iria em um casamento formal de bermuda e camiseta do Dream Theater enquanto todos estão de terno. Não, idiotas. Eu estou me referindo a roupa do dia a dia. Até em um jogo do Grêmio pode ser uma má ideia ir com uma camiseta vermelha do Manchester United, ou seja, sempre há um contexto.
Estou falando de roupa do cotidiano. E, no cotidiano, eu nunca me preocupei com isso.
Lembro-me quando eu tinha 20 e poucos anos e estava trabalhando em uma bolsa de pesquisa na Universidade. Certa vez, uma colega nossa estava indignada reclamando do namorado dela, de 26 anos, que queria usar uma camiseta do Iron Maiden. “Isso é coisa de adolescente”. Fique com pena de ambos: do namorado, que não podia ser quem ele era, e da namorada, com essa preocupação idiota. Pensei comigo: “eu nunca vou deixar de usar camiseta de banda, porque eu gosto”.
Claramente vivemos em uma sociedade fútil, superficial e de imagens. A gente se importa mais com o que parece ser do que com o que realmente é. Há tanto para ser dito sobre esse assunto, mas vou me reter a roupas e o visual do cidadão comum nas tarefas comuns.
Acho muito curioso como, em certos lugares, sou tratado como um completo ignorante simplesmente por não estar bem vestido e com barba e cabelo conforme manda o padrão-Globo. Não só tratado como ignorante, mas como alguém que não tem condições de comprar e pagar aquilo que estou procurando. Felizmente, isso tem mudado muito, ao menos em estabelecimentos comerciais.
Isso que eu sou bem comum. Imagino como é com quem goste de roupas mais estravagantes ou tenha um estilo menos usual.
No passado, eu me irritava. Hoje eu acho engraçado e um pouco triste, não para mim, e sim para quem está fazendo um julgamento baseado somente no meu visual.
“Vigiai e orai”. Tenho vigiado meus comportamentos para ver o quanto eu julgo os outros pelas aparências. Inserido em uma sociedade onde aparências são tão importantes, dou a graça de minhas amizades verdadeiras simplesmente não ligarem para isso.
Visto minha roupa da humildade. Erro, sim, eu também julgo. Também acho que quem se preocupa demais com aparência está tentando esconder algo e fingir ser o que não é. Talvez eu esteja certo, talvez não. Também entendo quando me olham e imaginam que sou um “cabeludo maconheiro que passa o dia em casa sem fazer nada”. Talvez eu achasse isso também, tendo as experiências que quem me julga teve.
No fim, o que realmente importa, é a roupa que você vê quando se olha no espelho nu e de olhos fechados.